16 de fevereiro de 2015

Resenha: O Olhar de Milo - Virginia Macgregor


O Olhar de Milo, de Virginia MacGregor, é um romance sobre amor, amizade e confiança. Nosso protagonista é Milo, um menino que tem um sério problema de visão. Mas isso não o impede de, com muita sensibilidade, ver coisas que nenhum adulto "enxerga". Lançamento da Editora Leya neste mês, a história do pequeno Milo é cativante, doce e nos leva a refletir.

Bora se apaixonar pelo pequeno grande homem? ;-)
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Mas, às vezes, quando você vê coisas que não parecem corretas, é seu dever virar o barco, não é? (pág. 121)


Milo é um garoto de 9 anos que sofre de retinite pigmentosa, uma doença que, com o tempo, o fará perder a visão. Ele enxerga o mundo pelo "buraco de uma agulha" e por causa dessa dificuldade, seus outros sentidos, como a audição e o olfato, são apuradíssimos. Mas mesmo com essa limitação, Milo é esperto e enxerga com precisão e muita sensibilidade  o que acontece ao seu redor - muito melhor do que os adultos! Ele enxerga os pequenos detalhes, consegue analisar um cenário melhor do que ninguém e percebe o que os outros estão sentindo. Milo é inteligente, corajoso e tem iniciativa. 
Ele mora com Sandy (sua mãe), Lou (a avó paterna) e Hamlet, seu porquinho de estimação. Seu pai trocou sua mãe por uma mulher mais nova há algum tempo, viajou para o exterior e deixou sua própria mãe, Lou, aos cuidados da ex-mulher. Desde então, Sandy vem enfrentando problemas financeiros e de autoestima. A hipoteca da casa está atrasada e Lou já tem muita idade e está tendo problemas de memória. Mas Milo não liga. Ele ama de paixão sua avó, com quem tem "altos papos" - mesmo que ela já não fale mais. Milo adora cuidar dela e não reclama disso. Ele lhe dá os medicamentos na hora certa, a ajuda a se vestir, coloca Hamlet no seu colo quando ela sente frio e fica de olho toda vez que ela vai à cozinha fazer seu chá.
Até que um dia a avó incendeia "acidentalmente" a cozinha e Sandy resolve levá-la para o Lar Não Me Esqueças, uma casa de repouso, antes que algo mais sério aconteça. 

Milo não sabia por que não tinha ouvido barulho da gaveta de panelas naquele dia. Devia estar com sono ou talvez Vovó tivesse sido muito cuidadosa para não fazer barulho; mas, quando sentiu uma palpitação no peito indicando que Vovó precisava dele e Hamlet começou a se esgoelar na garagem por ter engolido muita fumaça, era tarde demais: a cozinha estava pegando fogo.- Não é responsabilidade sua cuidar da Vovó - Mamãe falou. (pág. 6)
Sentiu as batidas do coraçãozinho de Milo mais pesadas naquela manhã. Ela devia tê-lo preparado, devia tê-lo ajudado a ver que estava na hora de ela ir embora. (Lou - pág. 9)
Entretanto, desde que Milo colocou os pés pela primeira vez no Não Me Esqueças, ele sente que há algo de muito errado com o lugar. Não é igual a propaganda que eles fazem, nem é um lugar feliz. Lá é frio, triste e a diretora do lugar, a terrível e gélida enfermeira Thornhill está escondendo alguma coisa.

Contando com sua inteligência ímpar, muita perspicácia e a companhia de Hamlet, Milo começa uma investigação e descobre coisas terríveis acontecendo entre os muros do Lar Não Me Esqueças...
Milo até tenta contar para os adultos, como Sandy e um policial. O problema é que ninguém parece acreditar nele. 
- O Papai foi embora e a Mamãe só se preocupa com dinheiro e com aquele salão idiota, e tem alguma coisa errada com a Vovó e eu não confio na enfermeira Thornhill, eu não acho que ela esteja cuidando dos idosos da maneira certa. (Milo - pág. 82)

Felizmente, no meio do caminho ele conhece pessoas especiais, que também têm histórias complicadas, mas que serão seus verdadeiros amigos nessa jornada. Como Tripi, o cozinheiro do Não Me Esqueças - um refugiado da Síria, imigrante ilegal na Inglaterra e que dorme  num saco de dormir no meio da praça; e Al, o sobrinho-neto de Lou - um cara que usa roupas de couro, pilota uma moto e sai de noite pra fazer sabe-se lá o quê.
Seu endereço? A grama úmida que fazia seus joelhos rangerem quando ele se inclinava para fazer suas preces. O céu cinza pesado que engolia o sol e trovejava com aviões. ele fechou os olhos e pensou em Damasco. Os vermelhos e púrpuras do zoco, o cheiro do café fumegante nos copos de vidro, sua irmã sentada no banquinho alto da cozinha contando o que havia aprendido na escola naquele dia. (Tripi - pág. 22)
Todo o carisma de Milo será capaz de envolver e tocar a vida desses personagens, entrelaçando histórias de amor, amizade e confiança e recriando um novo destino para cada um deles.

Milo está determinado a trazer sua avó de volta para casa. E nada - nem ninguém - vai impedi-lo!
Milo sentiu o coração mais leve. Estavam todos juntos naquela empreitada: seu plano seria um sucesso. Então Tripi encostou na porta da despensa.
- O que foi? - Milo perguntou
Tripi colocou o indicador diante da boca. Passos rápidos e um rangido.
- É a enfermeira Thornhill! Ela está vindo!
A porta se abriu.

A figura diminuta da enfermeira Heidi surgiu na moldura da porta. Milo não sabia se ficava aliviado ou não. Não era a enfermeira Thornhill, mas se a enfermeira Heidi os denunciasse poderia ser tão ruim quanto.
- Eu estava me peguntando o que é que vocês estavam aprontando. - A enfermeira Heidi entrou, fechou a porta e sentou ao lado da senhora Swift. - Então, vão me contar qual é o plano?
Por um instante, todos ficaram em silêncio.
- Vamos pegar a bruxa -  a senhora Moseley disse. - Vamos mostrar aos inspetores quem é aquela bruxa branquela e cruel.
Milo e Tripi e todas as outras idosas olharam para a enfermeira Heidi, esperando sua reação.
A enfermeira Heidi alisou a saia do uniforme, olhou para eles e perguntou:
- E qual será a minha tarefa?
(Milo, Tripi e Heidi - pág. 187)
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Ver o mundo através do olhar de Milo


Milo é um verdadeiro herói mirim. Ele é meigo, atencioso, prestativo e muito perspicaz. Ele lê nas entrelinhas e enxerga as sombras nas pessoas - enfim, é muito sensível para tão pouca idade. Quando comecei a ler tive a impressão de que tudo se encaminharia para um drama sem fim, que ia chorar rios de tristeza e ficaria melancólica por dias. Mas o que tive foi uma experiência incrível durante uma leitura envolvente e cativante. Faz a gente repensar nossos padrões e parar para ver - com mais atenção - quem está ao nosso lado.

O livro é narrado em terceira pessoa e a trama vaga entre a perspectiva de outros personagens, como Tripi, Lou e Sandy. Essa sensação é deliciosa e me fez sentir como "parte da família".
Os personagens são bem construídos, com suas imperfeições, dificuldades e dramas pessoais. Cada um deles têm seus próprios problemas e Milo, com sua sensibilidade surpreendente, consegue ver e ajudá-los de alguma forma (afinal ele é apenas uma criança!).

Vale a leitura. Super indicada, deliciosa e marcante! Tenho certeza que a cada página, as atitudes e palavras de Milo o farão parar para refletir sobre o sentido da vida. Vá em frente, olhe o mundo pelos olhos de Milo: Leia!

Milo fez isso comigo: me ganhou <3
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O Livro


O Olhar de Milo
Virginia Macgregor
Leya Brasil
Literatura Estrangeira / Romance
ISBN 9788544101513
ISBN ebook: 9788544101575
2015
384 páginas

UM OLHAR ESPECIAL SOBRE A INFÂNCIA, A VELHICE 
E OS DESENCONTROS QUE TORNAM NOSSAS VIDAS ÚNICAS.

Milo Moon tem nove anos e sofre de retinite pigmentosa. Ele está perdendo a visão e logo ficará cego. Mas, por enquanto, vê o mundo por um buraco de agulha e percebe coisas que as outras pessoas não notam.
Mas quando a adorada avó de Milo começa a sofrer de demência e vai para uma casa de repouso, ele percebe que há algo de muito errado naquele lugar. Os adultos não lhe dão atenção e, por isso, com a ajuda do cozinheiro Tripi e de Hamlet, seu porquinho de estimação, Milo decide mostrar o que realmente acontece na casa de repouso e quem é a sinistra enfermeira Thornhill.
Perspicaz, inteligente e surpreendente, O olhar de Milo é um romance cheio de grandes ideias, verdades simples e uma mensagem emocionante, capaz de tocar todas as pessoas. Milo vê o mundo de uma forma muito especial e será impossível não se apaixonar por ele, saborear cada momento e depois compartilhar sua história.


A Autora
Virginia Macgregor foi criada na Alemanha, na França e na Inglaterra por uma mãe que não se cansava de contar histórias. A partir do momento em que conseguiu segurar uma caneta na mão, Virginia começou a escrever suas próprias histórias, geralmente tarde da noite ― ou na parte de trás dos livros, na escola. Virginia deve seu nome a duas grandes mulheres: Virginia Wade e Virginia Woolf, pois sua mãe tinha a esperança de que ela se tornasse escritora e uma estrela do tênis. Virginia passou a infância rabiscando, adorando os dias chuvosos e rezando para que um raio acertasse seu professor de tênis. Depois de estudar em Oxford, começou a escrever regularmente enquanto trabalhava como professora de inglês e inspetora em um internato. Virginia mora em Berkshire (Inglaterra) com seu marido, Hugh, e sua filha. O olhar de Milo é seu primeiro romance.
Virginia Macgregor

Capas estrangeiras


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