26 de fevereiro de 2015

Sudário - John Banville

@GloboLivros

Sudário, de John Banville, é um lançamento da Biblioteca Azul - selo da Globo Livros. Sudário faz parte de uma trilogia composta também por Eclipse e Luz Antiga, livros cujas histórias cruzam entre si e podem ser lidos separadamente, sem ordem cronológica.


Sudário
John Banville
Biblioteca Azul
Literatura Estrangeira / Ficção
ISBN: 9788525057563
2015
296 páginas

Axel Vander é um acadêmico europeu conhecido internacionalmente. Um dia recebe uma carta de uma jovem que deseja conversar sobre a sua obra. Os dois decidem marcar um encontro em Turim. Dono de um passado nebuloso, Vander se vê inquieto diante do convite, pois essa pesquisadora, Catherine Cleave, pode ter encontrado evidências de que ele, na verdade, é um impostor.

Catherine é filha do ator Alexander Cleave, protagonista do romance Eclipse. Ela sofre de uma doença similar à esquizofrenia. Cass ouve vozes e se entrega obsessivamente a pesquisas acadêmicas, e durante suas investigações descobre algo sobre Vander. No entanto, em Turim, ela não o confronta e acaba se envolvendo com ele.

O aclamado autor irlandês John Banville se inspirou na história do teórico literário Paul de Man (1919-1983). Professor na universidade de Yale, Man se tornou um teórico conhecido internacionalmente. Em 1984, descobriu-se que Man escreveu artigos antissemitas para um jornal colaboracionista durante a ocupação alemã na Bélgica. Diferente de Man, Vander corre o risco de ser exposto em vida.

Ao se apropriar dessa história em Sudário, Banville a torna ainda mais complexa: Vander seria um homem que assumiu a identidade de um amigo morto em circunstâncias misteriosas. Assim ele deixa a Europa, após a Segunda Guerra Mundial e segue para a América, onde constrói sua bem-sucedida carreira acadêmica. O título do livro é uma referência ao Santo Sudário, mantido na Catedral de Turim. Assim como Vander, a relíquia é um objeto de veneração, mas não é autêntico.

A trilogia formada por Eclipse, Sudário e Luz antiga, este último lançado pelo autor durante a Flip 2013, é narrada em primeira pessoa por homens enredados em suas próprias mentiras. Com maestria, o autor constrói monólogos envolventes e coloca o leitor diante de suas mais profundas fragilidades, desejos, angústias e medos.
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Mentiras entrelaçadas...



Luz Antiga
John Banville
2013

Vencedor do Man Booker Prize e nome cotado para o Prêmio Nobel de Literatura, o escritor irlandês John Banville é comparado pela crítica moderna a autores renomados como os também irlandeses Samuel Beckett e James Joyce, e o russo Vladimir Nabokov. Seu mais recente título, Luz antiga, publicado no Brasil pela Biblioteca Azul, conta a história do ator Alexander Cleave, cuja carreira parece seguir para o fim – assim como sua própria vida.

Diante desse processo de decadência, Alex passa a viver de suas recordações, das memórias de seu primeiro amor – um relacionamento delicado com uma mulher bem mais velha do que ele, mãe de seu melhor amigo – e de sua filha, que tirou a própria vida após sofrer por anos de um mal muito próximo à esquizofrenia. Alex mostra ser um homem dilacerado por medos, ansiedades, rancores amargos, embora seja também capaz de tiradas brilhantes e dotado de um olho sensível à beleza do mundo, ou à sua ausência.

O romance é marcado pelos traços característicos do texto de Banville, cheios de jogos de linguagem e enredos complexos. Segundo o escritor argentino Rodrigo Frésan, amigo de Banville e motivador de Luz antiga (Frésan chega mesmo a aparecer de modo cifrado como personagem do romance): “lemos Banville para lembrar o que é ler afinal: ler Banville é descobrir que podemos falar o melhor dos idiomas”.

“[Luz antiga] é escrito na prosa habitual de Banville, rítmica e alusiva e densa, com imagens sugestivas, prosa que deliberadamente reduz a velocidade da leitura e frequentemente ilude o leitor.” - The Guardian

“Banville é um artista nabokoviano, sua prosa é tão rica, poética e repleta de imagens surpreendentes, que a leitura é semelhante a deslizar regiamente por meio de um lago de pralina: é um processo lento, imponente, delicioso e para ser saboreado.” -  The Independent

“No universo do versátil romancista irlandês John Banville, as coisas raramente acontecem apenas uma vez. O evento ocorrido em um determinado cruzamento de espaço e tempo - o encontro secreto, o amigo de confiança traída - é filtrado através de um caleidoscópio de memória e sonho, mentiras e subterfúgios, alucinações e fantasmas.” - The New York Times

“Luz antiga é o romance mais reflexivo de John Banville.” - The New Yorker

“Sua escrita é muito precisa, muito bem carregada com o mundo descrito por ela. [Em Luz antiga] A esperteza está em destaque, e tudo pode não ser exatamente o que parece, mas o dever que Banville assume de cuidado, tanto sobre a vida emocional de seus personagens, quanto sobre os mundos em que vivem, não é negligenciado por um momento sequer.” - The Observer


Eclipse
John Banville
2014

Alexander Cleave é, ou costumava ser, um ator. Agora, aos cinquenta anos de idade e segundo suas próprias palavras, é “um homem adulto numa casa assombrada, obcecado pelo passado”. O fato é que ele abandonou os palcos num rompante, quando uma apresentação rumava para o seu clímax, para, depois, isolar-se na casa em que cresceu e se entregar a uma sucessão de “dias vazios”, os quais “parecem feitos metade de tempo e metade de memória”.

Neste romance ímpar, de tom lírico, o irlandês John Banville parece ressaltar a todo instante que o isolamento de Cleave é superficial ou, melhor dizendo, apenas aparente. De fato, seu narrador-protagonista está o tempo todo soterrado por uma multidão fantasmagórica, com a qual procura dialogar, ainda que sua esposa Lydia faça questão de frisar: “Você é teu próprio fantasma”.

Assim, como se estivesse “condenado” a passar seus dias “revolvendo palavras, frases avulsas, fragmentos de memória”, Cleave não se distancia, mas acaba por mergulhar nos outros, em Lydia, na filha Cass e, claro, nos que partiram ou estão prestes a partir. Cass, que sofre de uma enfermidade similar à esquizofrenia, é uma ausência opressora, a única pessoa capaz de resgatar o pai de sua idealizada tentativa de autoexílio para algo aterradoramente real.

Banville empresta às idas e vindas de Cleave uma beleza dilaceradora. Sua voz procura se firmar como a derradeira tentativa de sustentar as paredes de um mundo que se esfarela. Ao final, depois que “o real adquire uma qualidade tensa, trêmula” e tudo parece mesmo “fadado à dissolução”, resta-nos a certeza e, talvez, o consolo de que o esforço, pela sua própria e extraordinária beleza, não é, não pode ser inútil.

O segundo romance da trilogia, Sudário, é um lançamento da Biblioteca Azul. Luz Antiga, que a finaliza (todos os livros podem ser lidos separadamente), foi lançado em 2013 na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), quando Banville foi autor convidado do evento.

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